segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Barril

Quantas pessoas cada um de nós amará verdadeiramente durante a sua vida?


Um dia, em plena primeira classe, colocaram-nos uma questão sobre quem seriam as pessoas de quem mais gostávamos e respondi: "os meus avós".

Não quero aqui comparar sentimentos, até porque tenho uns pais incríveis e a resposta deveu-se à profunda admiração que já na altura sentia pela Joana Pepe e pelo Sr. Vieira.

Ambos enfrentaram uma vida coberta de desafios. O meu avô tinha nove irmãos e viveu os "mitos urbanos" de uma sardinha para dividir entre todos e do primeiro a levantar-se era o que vestia o casaco. A minha avó, ainda em idade de escola primária, já se levantava de noite para ir para o campo trabalhar, mal o sol emitisse os primeiros raios de luz.

Ainda hoje, quando os visito, o seu sorriso de crianças traquinas emociona-me como nenhum outro.

Têm sempre pronta uma brincadeira, uma "estória", uma anedota.

O Sr. Vieira fez no dia 23 de Outubro (na realidade foi a 15, mas os pais só o registaram oito dias depois) 90 anos!

O amor que eles têm um pelo outro é a lição que nenhum professor me poderia ensinar.

Parabéns Barrilinho!


"Benditos os que não confiam a vida a ninguém"
Livro do Desassossego

3 comentários:

  1. Se me tivessem feito essa mesma pergunta, a resposta seria igual! :(

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  2. É por estas e por outras que sim.
    Aproveita todos os momentos com eles...eu tenho muitas muitas saudades dos meus.
    bf

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  3. Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

    Clarice Lispector

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