"Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar."
Alberto Caeiro
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar."
Alberto Caeiro
fiquei surpresa, acho q de todos os heterónimos o que menos conheço é o Alberto Caeiro, mas este texto é lindo, e faz-me pensar muito, sabes o efeito borboletas no estomago??? Ñ sei se vcs homens têm isto... Mas se o tivesse que explicar, usarias as suas palavras.
ResponderEliminarbj da sempre irrequieta
Embora ñ tenha a nada a ver com este post, adorava poer comentar o teu perfil ; )
ResponderEliminarirrequieta
Corpos em êxtase
ResponderEliminarAzáfama eufórica
Nada os faz pensar, nada os perturba
Ambos se sentem, ambos se querem
Nada pára, tudo avança.
A ternura emerge por entre eles e, de súbito, tudo muda.
Loucura vã, os corpos estremecem e não se largam
Desafiam-se na loucura do encontro.
Olhares singelos que se cruzam
E por entre a vontade, a não vontade.
Em segredo, sabem-no, mas não ousam
Querem e não querem
Hesitam...
Almas algemadas na penúria do ser.
Os instintos perdem-se quando sentem o aroma da tez.
Semblantes melancólicos, fragmentados
Murmúrios, gemidos suaves.
De novo o êxtase, de novo as carícias
E assim se envolvem sem que tenham tempo de pensar.
Só sentem.
Apesar de tudo, existe um Universo onde tudo é dito pelos sentidos.............
ResponderEliminarA.
fernando pessoa é fofo...
ResponderEliminarmas o malmequeres são mais :D
Olá old owner!
_baci_
farfalla
FERNANDO PESSOA É LINDO!
ResponderEliminarMeu amigo, deixo-te um texto, para apreciares mais um dos heterónimos deste Homem! Espero que gostes, foi o que eu usei na apresentação do meu livro INTEMPORAL.
Beijcoas gorduchas
Carmen Ezequiel
"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela, poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."
Bernardo Soares
"Quando olho para mim não me percebo.
ResponderEliminarTenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente."
in Sonetos de Álvaro de Campos
Agosto 1913
[deixo-te à descoberta de mais um heterónimo de F. Pessoa. Delicia-te. Beijinho doce]