sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Back in Town




Os olhos da Filipa brilham quando diz: «Ainda vais ao casamento».
E o Bruno até retirou o pedido de transferência para perto da "sua" Valença do Minho, natal.

«E se ele tiver de ir

«Já estudei as coisas e a faculdade do Minho tem óptimos professores em Direito Penal»

O olhar que vi ao som desta música, num pequeno recanto dos artistas em Génova, emocionou-me.
Na sua boina e com o bigode cuidadosamente aparado, com o cão como companheiro, ele voou.


Milão surpreendeu-me.
Ironicamente, foi na Praça de Génova que mais me diverti.

Os "aperitivos" são uma ideia genial e urgentemente a ser seguida.

Os Pequenos Fiat 500 que invadem a cidade, são como que um complemento das montras, cheios de estilo.

As dificuldades são muitas vezes imposições dos receios que nos habitam.

O que me perdi nos gelados....
E nas "Moretti"?

Pizza e mais pizza e uma água quente no regresso a casa.

"Tudo é ousado para quem nada se atreve"
Fernando Pessoa.

Adoro Lisboa.

4 comentários:

  1. aMiudaAbelhudaQueFazMagia14 de agosto de 2009 às 11:53

    E a minha prenda? Vá...de certeza que arranjas qq coisa. Sabes do que gosto...
    Ah é verdade, ainda tenho uma para a troca e que gira que é ;P

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  2. Ironias do "destino" ou não.. Tenho família nessa cidade minhota tão agradável e cheia de encanto. Querem mudar-se de vez para lá, meus pais.

    Imagino esses passeios e fins de tarde...
    Fica bem

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  3. atrevo-me a acrescentar ao meu F.P...e que pouco importe a escuridão feita de milhares de olhos que julgam, temem e esperam que caias...

    A.

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  4. "Lisbon revisited (1926)

    Nada me prende a nada.
    Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
    Anseio com uma angústia de fome de carne
    O que não sei que seja -
    Definidamente pelo indefinido...
    Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
    De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

    Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
    Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
    Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

    Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
    Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
    Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
    Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

    Compreendo a intervalos desconexos;
    Escrevo por lapsos de cansaço;
    E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
    Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
    Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
    ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

    Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
    E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
    Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
    (E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
    Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
    Onde supus o meu ser,
    Fogem desmantelados, últimos restos
    Da ilusão final,
    Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
    As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

    Outra vez te revejo,
    Cidade da minha infãncia pavorosamente perdida...
    Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

    Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
    E aqui tornei a voltar, e a voltar.
    E aqui de novo tornei a voltar?
    Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
    Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
    Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

    Outra vez te revejo,
    Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

    Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
    Transeunte inútil de ti e de mim,
    Estrangeiro aqui como em toda a parte,
    Casual na vida como na alma,
    Fantasma a errar em salas de recordações,
    Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
    No castelo maldito de ter que viver...

    Outra vez te revejo,
    Sombra que passa através das sombras, e brilha
    Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
    E entra na noite como um rastro de barco se perde
    Na água que deixa de se ouvir...

    Outra vez te revejo,
    Mas, ai, a mim não me revejo!
    Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
    E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
    Um bocado de ti e de mim!..."

    Álvaro de Campos

    [será que te entendo mais do que julgas eu ser capaz? Este poema encaixa-se na tua adoração a Lisboa]

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