terça-feira, 2 de junho de 2009

Sol de Dezembro


-"Srª Dona Joana Pepe?"

Que dia lindo de Inverno, pensou durante o trajecto.

Havia-se preparado com a sua camisola verde lima, companheira de tantos momentos e sempre presente quando escolher era o caminho mais curto para uma crise de nervos.

-"Olá meu neto"!
-"Ouvi dizer que hoje faz anos...."

E para o jantar o que visto? Como será?, pensou.

"Sorry, mas estou atrasado, ainda dá?"
"Sim, não tenho muito tempo, mas dá".

Que sol! Que luz! Amo Lisboa!

O seu sorriso cada vez mais aberto, surgiu radiante quando a viu.

-"Então o que fez hoje? Aposto que se levantou com as galinhas, como sempre!"
-"Qual quê? Hoje dormi até para aí as sete e meia! Pensas tu que não gosto de ficar na cama até tarde?"

"E Jantamos onde? Combinamos depois? ok!"

Pernas que se tocam, olhares que não desarmam.

"Boa a salada. Costumas vir cá muitas vezes?"

-"E esses joelhos? E os diabetes?"
-"Os diabetes aguentam bem a colher de açucar que enfio goela abaixo!eheh ...E os joelhos...
o que queres?...são coisas da idade!"

O mar calmo completava o cenário perfeito do primeiro beijo.

"Logo afinal não posso ir jantar."

-"Amanhã a ver se não me esqueço de ligar para o teu pai."

"Não faz mal, combinamos para outro dia"

"Olha, afinal, posso ir ao cinema!"

Que lindo o pato de borracha!

Nota: Este era para ter sido o primeiro post. Hesitei várias vezes, apesar de há muito o ter escrito. Por fim viu a luz do dia.

2 comentários:

  1. Sentada na esplanada vejo a luz
    o rio
    um pouco mais de água e sou mar
    um pouco mais de luz e sou luz
    espero
    não faz mal
    o tempo não existe quando está para chegar o que amo

    um pouco mais de ti em mim e sou eu

    nesse dia deixei de morar aqui
    chegou a liberdade de ser ar, agua, terra e fogo
    experimentar todos os sabores dissabores
    sentir-me rio, sentir-me imenso
    e disse...
    um pouco mais de mim em ti e serás tu.
    Assim seja.

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  2. Ao fundo da sala as vozes ecoavam,
    Em polifonia todos falavam.
    Risos, palavras, cumplicidades.
    Palavras sem nexo,
    Mas que ela entendia.
    Jurou ser sua até ao infinito
    Lá onde se mesclam os sonhos e mitos.

    Do outro lado, crescia a incerteza
    Mas nada fazia.
    Cheirava a paisagem que o enternecia,
    Por entre a brisa, memórias de infância,
    A avó Joana corria e corria.

    Suspiros se ouvem enquanto passeia.
    O sopro da vida volta e domina.
    Lá fora, raios de luz que se agitam em entusiasmo
    Fogem e surgem num marasmo.
    Marasmo o dela que não questiona
    Espera e espera a sinfonia.

    Vozes díspares e sábias
    Não a deixam sorrir.
    Procura o caminho que há-de seguir.
    Leva-a contigo na valsa do rir
    Sente-lhe o gosto e fá-la dormir.

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